Aceita um café?
Ah, sim, obrigada...
Não passou muito disso. Os olhares, também poucos: os óculos de longe ajudam. É apenas um par de vidros que assistem a tudo da beira de um nariz solitário.
Aceita um café?
Por favor. Sem açúcar.
Não se sabe se a conversa renderia um pouco mais...
Um café.
Sem açúcar?
Sim, por favor.
Arrisca...
E um biscoito? Aceita?
Não.
Não se importa. Até então, só o café faz companhia aos óculos. Permite que não adormeça. Mas não é a cafeína. É o aroma. O gosto é amargo. De quando em vez, arrisca um gole. Então faz roçar a língua no céu da boca e... Desagradável. A xícara nem é tão grande. Por isso, entorna de uma só vez, para não sentir o pó, que acaba escorrendo do fundo e encosta-se em seus dentes.
Por favor, um café.
O arrepio, suavemente, pela nuca. As orelhas esquentam-se.
Um café. Por favor...
Que tolice.
Desculpe-me. Com açúcar?
Tanto faz.
Tanto faz. Esse não seria seu.
...
O aroma ajuda a pensar. A solidão também.
o pensamento me protege?
Há 12 anos