domingo, julho 27, 2008

Cafeína

Aceita um café?
Ah, sim, obrigada...


Não passou muito disso. Os olhares, também poucos: os óculos de longe ajudam. É apenas um par de vidros que assistem a tudo da beira de um nariz solitário.

Aceita um café?
Por favor. Sem açúcar.


Não se sabe se a conversa renderia um pouco mais...

Um café.
Sem açúcar?
Sim, por favor.


Arrisca...

E um biscoito? Aceita?
Não.


Não se importa. Até então, só o café faz companhia aos óculos. Permite que não adormeça. Mas não é a cafeína. É o aroma. O gosto é amargo. De quando em vez, arrisca um gole. Então faz roçar a língua no céu da boca e... Desagradável. A xícara nem é tão grande. Por isso, entorna de uma só vez, para não sentir o pó, que acaba escorrendo do fundo e encosta-se em seus dentes.

Por favor, um café.

O arrepio, suavemente, pela nuca. As orelhas esquentam-se.

Um café. Por favor...

Que tolice.

Desculpe-me. Com açúcar?
Tanto faz.


Tanto faz. Esse não seria seu.

...

O aroma ajuda a pensar. A solidão também.

domingo, fevereiro 10, 2008

É vida...